Pobre classe média
Olhando para o passado, o governo deve sentir muita falta dos bons tempos – para ele, governo. Antigamente, ser pobre era padecer no paraíso, morrer no paraíso e ir para o céu, é, porque pela filosofia da época, nenhum rico entrava no céu – os pobres ricos queimavam todos os seus neurônios procurando uma razão para poder entrar no céu.
Nós sabemos como a mídia tem uma boa percepção para observar meio copo de água cheio, ao invés de meio copo de água vazio, esse é o desafio em apresentar uma má notícia com aparência de boa.
Segundo as últimas pesquisas, a classe média tem aumentado muito nas últimas décadas, mas nunca aumentou tanto como nessa última.
A percepção do meio copo cheio mostra que a classe média atingiu 80% da sociedade brasileira, um número impressionante até para uma pessoa pessimista.
Isso me faz lembrar de um milionário, conhecido meu, militar, grande crítico do governo socialista de FHC. Ele dizia que o governo estava acabando com a classe média, visão bem diferente das notícias que eu lia.
Agora eu entendo melhor: Os números mostram que oitenta por cento da sociedade brasileira ganham entre 2000 e 4.000 reais mensais, ou próximo a isso.
Então, as duas informações que eu tinha, faziam sentido: a classe média realmente ficou pobre mas também aumentou.
Então vamos entender como isso funciona:
A classe média é calculada de acordo com a média de todos os salários do país, como a maioria é pobre, essa média segue a mesma tendência. Logo, as pessoas continuam na mesma situação de antes, mas como a classe média empobreceu, então, os pobres juntaram-se a essa classe, tornando-a muito maior.
Se a antiga classe média não fosse tão imbecil, teríamos uma classe média tão forte como nunca vimos antes, mas os pobres que estão chegando, podem mudar essa situação, ou poderiam, porque eu estou vendo também um emburrecimento desses ex-pobres, que nunca deixaram de ser miseráveis.
Entretanto, a sociedade costuma se adaptar ao sistema e, se tivermos sorte, poderá até reagir, aí, sim, teremos mudanças.
Por enquanto, o que notamos é uma confusão muito grande, um verdadeiro festival de baixarias.
Dizem que o pobre não pode ter carro, mas é o rico que enche a cara e é pego pela polícia; dizem que pobre não pode ter câmera, mas é o rico que é flagrado em homemade, escandalizando os internautas; dizem que pobre não tem educação, mas é o rico a maior vítima dos paparazzi, fotografado sem a roupa de baixo; dizem que pobre não tem dinheiro, mas eu nunca vi tantas celebridades fazendo “trabalhos adultos”, que vão desde simples ensaios para revistas masculinas, até programas vips de prostituição, passando pelas apimentadas produções de filmes pornôs – Que pobreza! – em sentido contrário, o que tem de pobre participando de realities shows, ou escrevendo livros sobre sua antiga vida decadente, verdadeiras aulas de sobrevivência para a nova classe média, nem dá para contar.
Os pobres sempre dependeram, ou foram vítimas, da chamada formação de “opinião pública”, e só a classe média tinha acesso a essas opiniões formadas pela aristocracia. Agora, vivemos numa situação gravíssima, e teremos todos de aprender a pensar e ter, cada um, o seu próprio ponto de vista.
O poder democrático, representando a maioria, depende da organização e respeito das minorias, assim como depende do pensamento único de cada um de nós.
By Jânio
Quinze minutos de fama de um extra-terrestre
5 Comentários »
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Esse texto, caro Jânio, reflete uma expressiva visão sócio-econômica de nossas camadas sociais decadentes. A classe média, fragilizada no seu poder aquisitivo, porque, como você bem ressalta, desceu alguns degraus e se encontrou com as camadas de menor poder aquisitivo, formando um nova classe média mais numerosa, porém menos poderosa na sua capacidade de consumo. Se continuar nesse diapasão, chegará o dia em que assalto neste país só será praticado contra erário, pelos ladrões eletivos, porque ao velho estilo “mão armada” não mais valerá a pena, por absoluta falta de vítimas para serem assaltadas, já que todos – cidadão e bandidos – estarão na mesma pindaíba. Mas, na cooptada Rede Globo, sempre teremos uma visão otimista, dando conta de que “nunca antes na história deste país se comeu tanto caviar”. Abçs.
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Olá Lino:
Eu sempre me pergunto se essas grandes redes não tem senso do ridículo de ficar manipulando a cabeça das pessoas assim, até no exterior estamos passando vergonha.
Ninguém entente como um país pode ser tão rico e continuar exportando escravos.
Eu não sou nacionalista e muito menos socialista, mas tenho notado que é preciso ter nome estrangeiro para se ter um bom emprego no Brasil, pior, até os ministros são estrangeiros.
ABS
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Para contribuir com o debate:
http://numabotadaso.blogspot.com.br/2012/06/as-flores-de-plastico-de-kalashnikov.html
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Obrigado pela contribuição.
ABS
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[…] Pobre classe média […]
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