O sonho brasileiro se torna realidade.
O funeral de Michael Jackson foi, como não poderia deixar de ser, o mais divulgado. Durante uma semana, foi o mais divulgado e o mais transmitido pela tv.
Durante as transmissões, ouvi a expressão “american dream came true”, o sonho americano se realizou. Isso fazia parte das várias homenagens recebidas por Michael, ao longo de sua carreira, incluindo celebridades e até Presidente da República.
Pelo menos em uma coisa somos parecidos com os americanos, na hora da morte, devemos ressaltar os bons momentos, as lições de vida, os exemplos que queremos divulgar aos nossos filhos.
Eu fiquei pensando em como a cultura americana é distinta da brasileira, eles sempre se lembram do “american dream”, como o grande objetivo a ser alcançado, a grande meta. Enquanto no Brasil, as pessoas tem vergonha de se assumirem ricas, chamar uma pessoa de rica, no Brasil, constitui uma grande falta de etiqueta. Nos Estados Unidos, é motivo de orgulho ser rico.
Mas, afinal de contas, qual é o sonho do brasileiro? – uma pergunta difícil de responder. Em minha infância, ir para o céu era nosso grande objetivo, até que eu descobri que para ir para o céu tínhamos que morrer primeiro, naquela idade eu morria de medo de morrer (desculpem-me o trocadilho infame), hoje nem tanto.
Na adolescência os sonhos passaram a ser outros, a religião deu lugar a rebeldia, a contestação e a ideologia, que continua até hoje comigo. Quem não tem ideologia, como disse o Antônio Regly, é um vira-lata, não cheira e nem fede. Uma pessoa pode ser má ou ser boa, nunca assumir papel de neutralidade perante a sociedade.
Eu tinha vários amigos que se reuniam em bares, sem minha presença, é claro, cujos sonhos era ver seu time campeão, o que era pouco para mim.
Nos bares, conviviam harmoniosamente: as prostitutas, estudantes, políticos, traficantes, profissionais liberais, comerciantes e todas as outras classes representativas da sociedade em que vivemos.
Era tudo muito harmonioso, com pequenos atritos naturais entre as classes. A vida continuava, enquanto cenas de suas vidas passavam em suas mentes, embriagadas pelo álcool, se esquecendo de seus verdadeiros sonhos.
Fora dali, muitos pensávam, falavam, articulavam, na maioria das vezes voltados para seus próprios interesses. A única certeza é a de que não ficaria nada para seus descendente, nem mesmo o nome, já que não temos muita tradição, manter a tradição nunca fez parte de nossa cultura.
Apesar de não terem muita tradição também, os americanos sempre trabalham e acreditam que podem vencer na vida, acreditam na sua justiça, defendem o seu Presidente e, mesmo em momentos de crise, falam menos em crise do que nós brasileiros, que falamos o tempo todo.
Os americanos gostam de lutar, mesmo que a causa não seja diretamente ligada a sua.
Os americanos acreditam que sempre haverá riqueza suficiente para todos dividirem. No Brasil, tirando o que vai para os políticos, pouco sobra para se dividir; sonhar, no Brasil, só para poucas pessoas, reclusas em manicômios, que perderam a noção da realidades e ainda são felizes.
O único vestígio de esperança para os brasileiros veio com a internet, por mais que tentem censurar, a palavra é passada, quando a censura chega aos provedores, usam-se provedores estrangeiros de países onde reina a anarquia absoluta; se a censura chega a telefonia, há alternativa do rádio, pensa-se até em rede elétrica; até a China sofre o impacto do avanço da internet.
Os poucos meios de comunicação que dominavam o mercado, aos poucos, vão cedendo lugar as novas tecnologias, que tem na internet o seu centro de dados.
Os poucos dinossauros que dominam a política, mostram que ainda estão fortes, que tem intenção de passar o reinado adiante, mas os novos tempos insistem em afirmar que isso não acontecerá. Tudo leva a crer que seus descendentes terão uma grande decisão a tomar, ou escondem sua cara, ou escondem seus nomes; havendo até a possibilidade de mudança, negando a própria identidade.
Pelo menos na internet isso já aconteceu, não me lembro de ter visto nenhum figurão da política que fosse reconhecido como tal, no mundo virtual. No Twitter, a febre do momento, duas celebridades se estranharam, depois de ultrapassarem 135 mil e 140 mil seguidores respectivamente.
Na internet, popularidade implica em responsabilidade, como deveria ser lá fora também, isso eles aprendem da pior maneira possível, bem lá no fundo de seus egos.
Eu tenho um sonho, o de um dia poder perguntar qual é o seu sonho, e você me responder: “Eu quero viver honestamente, acredito que o Brasil tem riqueza suficiente para todos, passarei para meu filho a riqueza que acumulei ao longo de toda a minha vida, mas o mais importante, passarei para meus filhos e netos, meu nome, minha cultura e a certeza que eles deverão manter a Justiça, moral e os bons costumes sob pena de quebrar uma longa tradição de seus antepassados”.
by Janio
2 Comentários »
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Saudações!
Amigo
JANIO
Que Post Excelente!
A sua mensagem está muito bem focada na realidade de um povo, que ora sonha, ora passa por desilusões tantas. Mas tudo isso é até passável, quando buscamos no tutano dos problemas enfrentados, nos deparamos que o fator cultural é o peso maior.
Assim, vamos caminhando, e também comungo com você, em especial com o último parágrafo!
Parabéns pelo texto!
Abraços,
LISON.
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Comentário por LISONN | julho 9, 2009 |
Obrigado pelo comente, lembrando sempre que cultura não significa formação, nem ser imortal da academia.
Olha só o caso do Maranhão, será que o povo do Maranhão sabe por que seu estado é um dos mais pobres do Brasil, apesar da cultura elevada e imortal de seu principal representante?
ABÇs
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Comentário por icommercepage | julho 10, 2009 |