Maquiavel – O criador da política moderna.
Eu cresci ouvindo uma história, relacionada a uma visão preconceituosa a respeito de Nicolau Maquiavel, ou Niccoló di Bernardo dei Machiavelli, criador do moderno pensamento político.
Em minha infância, a palavra maquiavélico soava como diabólico, algo que é manipulado com segundas intensões, planejado com com interesse, nem sempre satisfatório para a sociedade.
Pesquisando na Wikipédia, encontrei um personagem histórico obstinado, polêmico e sonhador, em busca da unificação da Itália. A unificação da Itália, aliás, foi o único propósito observado, nitidamente, por mim, à primeira vista.
Esta não foi a primeira, nem será a última análise que deverei fazer a respeito desse obstinado pensador renascentista, cuja maior ambição era ver seu país unificado.
Sua história começou e terminou onde todos os renascentistas se concentraram, na velha Florença, de 1469 – 1527. Até seus últimos dias de vida, quando foi convidado a escrever a história de Florença, por quem dedicou toda a sua vida.
Maquiavel viveu toda a sua vida como um grande pensador; como todo grande pensador, estava muito além das aparências.
Sua habilidade de escrever sobre a política, não com aparências, mas a realidade nua e crua, irritou muita gente, como ficou comprovado em suas obras literárias, onde se destaca “O Principe”.
Maquiavel possuía uma forma muito peculiar de ver a política, e a vida, acima de tudo. Sua grande qualidade era, justamente, essa capacidade de ir muito além do que se estava acostumado a chegar, o pensamento da época.
Maquiavel procurava sempre ver o outro lado da moeda, analisar seus adversários, como bom diplomata que era, secretário da segunda Chancelaria, um grande idealista. Muitos críticos de sua obra questionam sua capacidade crítica, pelo fato dele acreditar na origem clássica de Roma, além do fato dele escrever baseado em experiências reais.
A grande verdade é que Nicolau Maquiavel nunca se acomodou em nenhum dos lados, criticava a própria República.
No período do Renascimento, a Península Itálica era muito conturbada, muito dividida. O Ducado de Milão, República de Veneza, República de Florença, Reino de Nápolis e os Estados Pontifícios, além dos estados formados por mercenários, conhecidos como condotiere.
Todos esses Estados da Península viviam em conflitos, permeados por interesses, sujeitos a invasões de interesses europeus, disputados entre a França e Espanha.
Esse era um cenário perfeito para nascer o mestre das articulações políticas, que assustou tanto seus aliados, quanto seus adversários, tamanha habilidade de resolver interesses conflituosos.
Depois da execução e excomunhão de Girolamo Savonarola, pregador muito influente que cometeu o erro de criticar os Padres e o Papa, além de todos que seguiam uma tendência de exaltação pagã, contrária a ala religiosa. Em seu lugar, como secretário de Chancelaria, foi chamado Maquiavel que ali permaneceu por catorze anos, sempre entre a cruz e a espada, mas fiel a seu ideal, muito além das tendências da época.
Sua principal ideia, e a que mais assustava tendência da sociedade reinante, era a de que o Estado deveria ser independente da religião, o que o levou a ser taxado de ateu.
Sob domínio da França, Florença era sempre pressionada por seu aliado a atender as exigências dos Rei da França, o que exigia a habilidade de Maquiavel, enormemente, frente aos outros estados, aliados da Espanha.
Para não deixar que a Itália caísse em mãos estrangeiras, o Papa se aliou a Espanha, por outro lado, os Florentinos, aliados da França, não queriam desagradar ao Papa.
Maquiavel foi enviado para a missão de explicar, ao Imperador Francês, sua situação, aí, foi o Papa, aliado da Espanha que ameaçou excomungar os florentinos. Maquiavel foi então enviado a negociar o afastamento de uma reunião em Pisa, território florentino, para evitar encrenca com o Papa.
Mesmo após tudo isso, o Papa, aliado da Espanha, se aliou a Aragão contra França, como Florença não quis apoiá-lo, já que era aliada da França, que a havia ajudado muito tempo, assim a cidade foi invadida e os Médici reassumiram o governo de Florença.
Maquiavel que outrora vivera sob o Governo dos Médici, foi acusado de anti-Médici, ficou preso 22 dias, foi torturado sob suspeita de ser adepto dos defensores da República.
Depois que saiu da prisão, viveu isolado, inativo. Foi quando escreveu suas principais obras, entre elas, O Príncipe, onde narra a uma história baseada em sua ideia de unificação da Itália, inspirada em fatos reais.
Suas obras chegaram a ser proibidas, acusado de ateu.
Sua ideia, mal interpretada, de que o ser humano tem uma natureza má, só fazendo a coisa certa quando forçado a isso, chocava as pessoas. Na realidade ele queria dizer que as pessoas não mudavam sua natureza, através dos tempos.
Outra ideia, mal interpretada, de que o estado deveria agir de acordo com a situação do momento e não de acordo com o que era certo, surgindo daí o expressão errada “os fins justificam os meios”. Como pensador político que era, Maquiavel queria dizer que o homem vive de acordo com seu conhecimento histórico, surgindo daí suas conclusões, com o tempo o que é certo passa a ter um outro ponto de vista, outra ética.
Não é o que é certo o que conta, é o que é melhor naquele momento, naquela época.
No Século XVI, pelo menos quatrocentas obras mal interpretadas são atribuídas a Maquiavel, relacionando sua obra a maldade e interpretação errônea.
Maquiavel é citado em obras de Willian Shakespeare, Jean-Jacques Rousseau, para o bem ou para o mal, ele é sempre citado.
Rosseau cita: “… é o que Maquiavel fez ver com evidência. Fingindo dar lições aos reis, deu-as, e grandes, aos povos.”
A visão de Maquiavel como Nacionalista surgiu no século XIX, quando a Itália e Alemanha fragmentadas em tendências nacionalistas internas, em plena guerra Napoleônica.
Sua crença de que a natureza do homem não muda, leva a conclusão de que se o homem não se ater a fatos históricos, estará fadado a cometer sempre os mesmos erros.
Além de romper com a ideia de estado e religião governando juntos, Maquiavel é visto como um pensador político que vivenciou tudo na prática, o que vai além de uma simples teoria, todos os fatos são baseados em experiências reais.
Repare a força dessa frase: “Mesmo as leis mais bem ordenadas são impotentes diante dos costumes”.
WIKIPEDIA – Como consequência acha inútil imaginar Estados utópicos, visto que nunca antes postos em prática e prefere pensar no real. Sem querer com isso dizer que os seres humanos ajam sempre de forma má, pois isso causaria o fim da sociedade, baseada em um acordo entre os cidadãos. Ele quer dizer que o governante não pode esperar o melhor dos homens ou que estes ajam segundo o que se espera deles.
By: Jânio.
Principal fonte: Wikipedia
15 Comentários »
Deixar mensagem para Carlos Cancelar resposta
-
Arquivos
- maio 2023 (1)
- abril 2023 (1)
- outubro 2021 (2)
- fevereiro 2021 (1)
- agosto 2020 (1)
- julho 2020 (1)
- maio 2020 (3)
- abril 2020 (5)
- março 2020 (3)
- novembro 2019 (1)
- setembro 2019 (1)
- novembro 2018 (1)
-
Categorias
- Animação
- Arabic
- Arquivo X
- blogosfera
- Ciências
- Cinema
- Concursos.
- curiosidades
- divulgação gratis
- downloads
- english
- Espanhol
- esportes
- Google +
- Grandes Amigos
- Inglês
- Internacional
- internet
- Judiciário
- Música.
- Mensagens
- Migração
- oportunidades
- Otimização_
- Piadas
- Política
- Policia
- Redes Sociais
- Reflexões
- Resumos Semanais.
- Saúde
- segurança
- televisão
- Uncategorized
- Utilidade Pública
- Videos
- youtube
-
RSS
Entries RSS
Comments RSS
SAUDAÇÕES!
AMIGO JANIO,
O seu texto explana o outro lado do Pensador ,Nicolau Maquiavel, devo lhe dizer que comungo por essa variante, e depois, no decorrer dos tempos, muitos escreveram se passando por Maquiavel, produzindo conceitos variados.
Um texto excelente e bastante esclarecedor!
Parabéns pelo Post!
Abraços!LISON.
CurtirCurtir
Comentário por LISONN | agosto 22, 2009 |
Obrigado Lisonn.
O fato de Maquiavel ser tão incompreendido, pode explicar por que a política é tão bagunçada, hoje. Se o próprio criador é mal interpretado, como a ciência política pode funcionar?
ABÇs
CurtirCurtir
Comentário por icommercepage | agosto 22, 2009 |
Mas as lições que ele dava aos reis no livro O Principe eram de fato “Maquiavélicas” de acordo com o sentido que usamos ao usar o termo. Não é preconceito nosso interpretar que ele ensina crueldades. Ensinava de fato. Ensina violência aos reis, pois é assim que os Estados agem até mesmo hoje em dia. Ele não era nada bonzinho…. xD
CurtirCurtir
Comentário por Carlos | novembro 11, 2009 |
Obrigado pelo comentário Carlos.
Eu acredito que desde a era conturbada de Maquiavel, até hoje, já deveríamos ter evolúído bastante, em nossos pensamentos sociais.
Vendo as primeiras missões que Maquiavel foi incumbido, imaginei que ele seria morto logo no começo de sua carreira.
Foi uma época complicada, principalmente para a Itália, um país destruído, nem de longe lembrava o explendor de Roma.
Maquiavel foi um pensador, um sonhador que só pegava missões impossíveis para resolver. No livro, ele aproveitou muito de sua experiência, mas se analisarmos até a liberdade de expressão de hoje, o livro será apenas ficção, além do fato de que Maquiavel já se encontrava nofinal da vida, quando escreveu seus livros.
ABS
CurtirCurtir
Comentário por Jânio | novembro 11, 2009 |
usamos ao usar Rocks
pleonasmo rulez
CurtirCurtir
Comentário por Carlos | novembro 11, 2009 |
O fato da expressão “Maquiavélico” ter ficado tão desapegada do seu verdadeiro significado, que é algo analizado com muita calma e inteligência, se deve ao fato do próprio Maquiavel concordar com a expressão “Os fins justificam os meios” que, por sinal, é meio cruel, e pode ser deduzida lendo apenas as primeiras páginas d´”O Principe”.
CurtirCurtir
Comentário por Renan Pasqualotto | novembro 11, 2009 |
Obrigado pelo comentário Ranan.
O próprio Maquiavel tinha uma teoria de que o homem não é bom por natureza, age de acordo com as circunstância. A idéia de se crar utopia em torno da natureza humana só atrapalha o desnvolvimento social.
As pessoas santas, são raríssimas, fora issos, somos todos normais cheios de erros, controlados por leis que nem sempre são eficazes.
Maquiavel tinha muitos motivos para não ser nenhum santinho, afinal, no mundo em que ele vivia, com as missões que lhe eram incumbidas, ele era o último dos homens a ser confundido com homens ingênuos.
ABS
CurtirCurtir
Comentário por Jânio | novembro 12, 2009 |
Fantástico Janio, também sou estudioso de Maquiavel e compreendo esta questão que muitos interpretam mal os seus escritos, desde a época (considerando-o ateu e anti médici) até hoje com frases recortadas tirando o sentido das mesmas.
Que continuemos a estudar este magnífico escritor para que as gerações futuras possam entender melhor e utilizar-se de seus ensinamentos para a nossa sociedade.
CurtirCurtir
Comentário por Vinicius | novembro 11, 2009 |
Obrigado Vinícios.
Até Shakespeare fez grandes citações em suas peças, claramente direcionadas aos pensamentos de Maquiavl.
Você lembrou muito bem: é preciso ver em que circunstâncias as palavras de Maquiavel estão inseridas, quais as situações. Eu costumo dizer que um homem corrupto se traduz or grandes riquezas, sem nenhum trabalho, sem nenhum risco, o que não é o caso de Maquiavel.
ABS
CurtirCurtir
Comentário por Jânio | novembro 12, 2009 |
exelente post!
CurtirCurtir
Comentário por michel | novembro 11, 2009 |
Olá Michel.
Muito obrigado, apareça sempre.
Abraços.
CurtirCurtir
Comentário por Jânio | novembro 12, 2009 |
Parabéns Jânio,o grande pensador Nicolau Maquiavel foi mal interpretado em seus escritos. Mas o que a maioria da spessoas não consegue compreender é que ele não inventou nada, simplismente mostrou a realidade como ela é, ele citou nomes, datas,lugares. A verdade é que, para manter o domínio e o poder o sujeito deve sr mesmo enescrupuloso.
CurtirCurtir
Comentário por Lizelia Bastos | fevereiro 9, 2010 |
Olá Lizélia.
Fico feliz que você tenha entendido as idéias de Maquiavel, afinal, ele mostrava o lado mais negro da mente humana, numa época de trevas, onde um lampejo de razão fazia a diferença.
A Idade Média foi uma época do poder, como você destacou, o povo ficava as minguas, abandonado a própria sorte. Se desafiava o sistema, corria o risco de morrer na fogueira.
Um grande abraço.
CurtirCurtir
Comentário por icommercepage | fevereiro 10, 2010 |
Parabéns pelo belíssimo post referente a Maquiavel, que nos passa muitas verdades procurando com isso evitar que venhamos a passar e tre dissabores desnecessários e que é uma leitura que sempre deve se refazer a todo instante desejado.
CurtirCurtir
Comentário por charlesnetto | maio 13, 2010 |
Olá Charles:
Concordo com você, os grandes pensadores nos passam muita sabedoria, mas é preciso sempre fazer algumas revisões a respeito da natureza do homem, sobre nós mesmos.
ABS
CurtirCurtir
Comentário por icommercepage | maio 14, 2010 |